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domingo, 22 de março de 2009

Acordar.



Aos poucos tu foste saindo lentamente do pensamento dela. Ela começou a conseguir fazer a sua vida, as suas rotinas. Aprendeu a olhar novamente pela janela com a certeza que tu podias já não estar mais lá fora, na rua fria e crua. Aprendeu a ver o mundo como via antes de ti. Aprendeu a ser feliz. Saia a sorrir. Já não se sentia incomodada pois sabia que tu já estavas. Que tu tinhas sumido de vez.
Mas como tudo, há sempre aqueles “mas”, e com ela não foi excepção.
Numa bela tarde de Primavera, após tanta luta superada, ela olha pela janela, mas algo está diferente. Algo que ela se conseguiu desabituar. A tua presença estava novamente do lado de fora.
A sua cabeça girou e girou, trazendo-lhe à memória tudo pelo que tinha passado. Tudo o que chorou. Tudo o que sofreu em silencio. A tua sombra começou novamente a estar presente em tudo. Ela perguntava-se o porquê do teu fantasma sempre na sua cabeça. Mas o amor que ela tinha era tão grande que não dava para esquecer. Esse amor, que ela sempre teve em silencio. Esse amor que ela nunca conseguiu combater. Amor proibido, que lhe criava desejo e desgosto.
Assim lentamente, encostada à parede fria e branca, desceu lentamente com as costas coladas à mesma até se sentar no chão, com a cabeça entre as pernas. O chão de madeira estava gelado como tudo o resto à sua volta. Ali ficou imóvel, durante horas a chorar perdidamente até adormecer muito lentamente na mesma posição em que estava. Caiu então num sono profundo, desejando não mais acordar.

Tu és uma desgraça.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Segredinhos

No meio da confusão, dois olhares desapercebidos eram trocados. Olhares já conhecidos entre si. Um meigo, outro louco transpirando paixão.
Melissa tentava disfarçar, mas não o conseguia evitar. Bernardo, por vezes teimava em contemplá-la.
Cheios de vergonha, ela corava baixinho, e ele tentava trautear uma canção.
Um pouco mais próximos, ela falava com as suas amigas. Ele assistia ao longe a uma partida de basquetebol que decorria no campo.
Miravam-se novamente.
Ela tentava disfarçar, falando até mais alto entre o grupo. Ele apenas carrega no “Play” do seu IPod.
Mais uma vez se olhavam, desta vez como se de uma pesquisa de tratasse, observando os pormenores um do outro, à vez, virando o olhar cada vez que reparavam que se moravam.
O toque de entrada se ouve. Ela vai para o meio da multidão para entrar no pavilhão. Ele faz o mesmo.
No meio de tanta gente, já ninguém sabia quem era quem. Ela sente uma mão a agarrar na sua. Fecha os olhos ao sentir uma garganta perto do seu ouvido, com o coração acelerado e um arrepio a descer-lhe pela espinha.
Ele suspira e segreda para ela:
- Eu gosto de ti.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Pensamentos Inúteis

Entra em casa, silenciosamente, fechando a porta levemente atrás de si. O cheiro a rosas da casa que voa sorrateiramente no ar entra-lhe pelo nariz, pé ante pé, ela caminha até ao quarto sem fazer qualquer barulho, mesmo não estando ninguém em casa. Uma vez com a porta fechada, pousa mala e descalça os sapatos, retira as bugigangas do pescoço e cabelo e suavemente senta-se na cama. O sorriso que trazia consigo na cara, é rapidamente removido, acabando com a farsa de um dia feliz, ela sabia que estava mal, mas não o podia mostrar. No fundo do silêncio, começa a soluçar, e uma lágrima desce-lhe do olho, tocando levemente na pele, deslizando pela bochecha e caindo levemente nos lábios. O cheiro das rosas vem novamente, criando uma atmosfera harmoniosa de tristeza e lágrimas. Começa então a recordar tudo o que se passou, e passa a sua volta, aquela tristeza profunda devia-se não se devia ao mau tempo, nem notas, nem mesmo à família, mas sim a uma só pessoa, a alguém que ela não tinha coragem de revelar os seus pensamentos. Esse alguém que ela via de longe, esse alguém que a matava silenciosamente por dentro, esse alguém com quem olhares era trocados vezes sem contas, talvez sem sentido. Olhares que por vezes eram longos, ou curtos e tímidos. Passando as mãos pelo cabelo, recorda-se do sorrisos disfarçados quando o via chegar, fazendo com que reparasse que ela ali estava. As vezes que falou mais alto, que andou mais rápido para que se tornasse visível aos seus olhos. A dor atravessara-lhe a espinha seguida de um arrepio. Pode ser que tais ideias tenham resultado, mas ela não sabia, pois ler a mente dos outros era algo que não conseguia fazer. Rindo-se baixinho de todos os momentos passados, um sorriso mínimo vem-lhe à cara, voltando a desaparecer rapidamente. Mais um dia passara, e ela no seu quarto, no seu mundo tenta construir uma barreira que a façam sentir-se protegida dele. Serenamente deita a cabeça no travesseiro. Dormindo um sono não infinito, nem profundo, mas um sono que a façam esquecer por momentos toda aquela agitação que se passa na sua mente. Talvez com o sonho, onde pode ser livre, a faça voar sobre tudo alterando o que é mau. Voando sobre pensamentos inúteis.